Dentre as pequenas gravadoras, a Tapecar é uma das que tem procurado dar maior apoio aos sambistas, não só conquistando para seu elenco nomes famosos como o de Elza Soares, que ali fez seu novo disco, mas lançando gente nova e de valor.

É o caso deste “O Samba é uma festa” (TC 38), onde dois novos intérpretes são apresentados.
Lumumba (pena que a gravadora não informe quem é quem de seu elenco) com as faixas: “Terra Boa” (Dario Marciano), “Boi da Cara Preta” (Zuzuca), “O Mundo Melhor de Pixinguinha” (Evaldo Gouveia / Jair Amorim / Velha), “Festa dos Deuses Afro-Brasileiros” (Baianinho), “Não Chora Meu Amor” (Martinho da Vila), “Amarra o inimigo no cipó” (Serafim Adriano) e “Rosa Maria” (A. Loiro).
Já com Eni são as faixas “Mangueira em tempo de folclore” (Jaja / Preto Rico / Manoel), “Rei da França na Ilha da Assombração” (Zé Di / Luis do Salgueiro), “Porta Aberta” (Luis Ayrão), “A festa do Divino” (Tatu / Nezinho / Campo). E com um anônimo coro, duas faixas complementares: “Dim Dim Dim” (L. Roberto / A.Moreira / Bafo) e “Vira Vira” (J. Ricardo / Luli).

Ao lado da Tapecar, também a Companhia Industrial de Discos vem se preocupando em promover o samba.
Tanto é que o diretor artístico Durval Ferreira criou a etiqueta Obâ, especialmente para novos sambistas.

E nesta série temos “Samba Prá 100 Milhões” (Outubro/74), onde foram reunidos diversos intérpretes.

Com Rubens da Mangueira temos o insignificante “O Boi Vai Atrás” (João da Praia), compensado na faixa segunda pela vigorosa interpretação que o conjunto Nosso Samba de “Nega do Peito” (Rildo Hora / Sergio Cabral); Emilio Santiago vem a seguir com “Se não For Amor” (Benito Di Paula), enquanto um misterioso Indio Branco é o intérprete da música “Malandragem Dela” de Tom & Dito.
O delicioso “Mel e mamão com açúcar” de Wilson Moreira, aproveitado pelo astuto Adelzon Alves no 2º volume da série “Quem Samba Fica” (Odeon), aqui volta com o conjunto Nosso Samba, que encerra a face A, com um pot-pourri: “Ai Que Saudades da Amélia”, “Você Passa e Eu Acho Graça”, “Na Ginga do Samba”, “Laranja Madura”, (quatro dos melhores sambas de Ataufo Alves) e “Estou Chorando Sim” (Mirabeau / Dommadri / Ayrton Amorim).
Na Face B, o Nosso Samba apresenta também três faixas-núcleos básicas: “O Assassinato do Camarão” (Zeze Ibrain), “Saudosa Maloca” e “Trem das Onze” (Adoniran Barbosa), “Felicidade” (Lupicinio Rodrigues), “Tiê” (Yvone Lara / Tio Hélio / Fuleiro), “Depois do Carnaval” (Beto Scala & São Beto), “Toró de Lágrimas” (Antonio Carlos Jocafi / Zé do Maranhão) e “Arrasta a Sandália” (Roberto Correa / Jon Lemos).
Nas duas últimas faixas retornam os desconhecidos Indio Branco (“Tudo Menos Amor”, Monarco / Walter Rosa) e Emilio Santiago (“Brasil Pandeiro” de Assis Valente).

Pela Chantecler, que após longa ausência está voltando a aparecer, temos “Quer Ver Todo Mundo Sambar” (CMGS 9085, setembro/74), reunindo gente nova de seu elenco, como Ed Costa (“Quero Ver todo Mundo Sambar” da dupla Edson / Aloisio), Milena (“Carnaval do Meu Penar”, de Armando Fernandes, o “Mamão” / Sidney da Conceição), Raquel (“Hora da Partida”), Denilson “Quem passou passou”, Luiz Américo (“Samba sem pandeiro”), Zaira (“O Nego Dançou”), Quarteto Maravilha (“Meu abraço o violeiro”), Newton Miranda (“Samba Quadrado”), ao lado de veteranos como Germano Batista (“Poeta da Favela”), Os Demônios da Garoa (“Boneca de Pano”, de Assis Valente) e Poly (“Folhas Secas”, de Nelson Cavaquinho / Guilherme Brito).
Também um bom disco.

Texto publicado em 23/11/1974, no Jornal do Estado do Paraná.